13 de setembro de 2012

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A Música, Henri Matisse


"A beleza salvará o mundo"
Dostoievsky, no livro O Idiota
 

E foi procurando me certificar de que o autor da frase acima era mesmo Dostoievsky que encontrei este texto.
Colo aqui um trecho (créditos ao final).

A conhecida frase de Dostoievsky no seu livro O Idiota — “a beleza salvará o mundo” — é uma das mais profundas intuições estéticas já verbalizadas sobre o destino do homem.
Uma pessoa que sabe estabelecer relações criativas com os outros, com a arte, com a natureza é capaz de salvar-se, neste sentido não estritamente religioso, mas quando de fato salvar-se é escapar do inferno da mediocridade e desfrutar da saúde (psíquica, moral, metafísica) de ser.
O ser humano, para realizar-se integralmente — tornar-se um ser íntegro e não fragmentado e corruptível —, necessita do entusiasmo provocado por experiências significativas. O contato com a arte provoca experiências desse tipo[1]. Esse específico entusiasmo estético-existencial nasce da súbita percepção da (e união com a) realidade em sua pungência, seja diante de um belo quadro, de um belo poema, de uma bela escultura, de uma bela sinfonia etc.
O educador espanhol Alfonso López Quintás, em seus livros e conferências, tem procurado mostrar-nos que a arte liberta o homem da lógica implacável do cotidiano competitivo, consumista, reificante, em que somos manipulados e massificados, lógica que vai desembocar no vazio existencial.
É bem verdade o que dizia Mário Quintana — que a poesia não é uma fuga da realidade e sim uma fuga para a realidade. Mas tal verdade precisa ser experimentada de modo criativo, ou não será experimentada de modo algum. A arte propicia e estimula uma visão realista que supera em muito o realismo redutor (e anti-estético) a que somos submetidos diariamente, realismo que por vezes chega a reduzir também a própria arte em mero (e cansativo) entretenimento, em manifestação vaidosa de status social ou poder econômico, em instrumento de marketing e em outras “coisas”.
 [1] Outras experiências significativas: o amor fiel, a amizade profunda, a geração de um filho, a adesão a um ideal, a concretização de uma vocação profissional, a constatação da ação providente de Deus, enfim, toda experiência vital em que a pessoa se vê convocada a transformar-se em quem efetivamente deve ser.
Trecho de "As Experiências Reversíveis segundo López Quintás - Análise de um Poema de Cassiano Ricardo", Gabriel Perissé

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